12 dezembro 2018

Sinais

Caí feio. Devia ter percebido quando senti você colocar o braço em volta da minha cintura e me puxar pra perto de você, enquanto andávamos pelas ruas. Uma puta derrapada anunciada por trás das lentes dos seus óculos, nos seus olhos cansados. Estava tudo ali, na minha cara, um destino incerto, mas desenhado. Dei de cara na parede quando bebi um gole de gin tônica e peguei na tua mão. Meu rosto ficou dolorido e eu achei que era de tanto rir, mas foi da colisão. Fiquei tonto e fraco, mas minha inexperiência me enganou e segui convencido que isso era viver. Tropecei quando aceitei o que você me oferecia, quando me lambuzei nas suas palavras doces, quando baixei a guarda e deixei de andar atento à rua. Eu devia seguir o meu caminho como sempre segui, isolado, alienado, protegido por uma carcaça de insegurança. Só assim eu estaria seguro. Quebrei minhas duas pernas quando você me deixou no quarto, mas ignorei a dor e voltei para casa mancando, como se eu tivesse nascido daquele jeito. Algo estava errado e eu fingia para mim mesmo que era coisa da minha cabeça, que o risco é melhor que a calmaria, que eu teria quem me levantasse e me carregasse nas costas quando a dor fosse muito doída. Inocência. Agora eu me rastejo todo dia para fora da cama na sua direção, enquanto você me olha de volta com um sorriso enigmático no canto da boca. O sol se pondo atrás da sua cabeleira e eu desnorteado com o horário de verão.

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