10 dezembro 2018

Carne dura

Eu sinto a tua falta. Do teu hálito, do teu cheiro, do tom da tua voz. Eu escuto e escuto de novo os teus recados pra ver se eu me lembro como é estar do teu lado, mesmo que você esteja me afastando em cada um deles. Sinto falta das tuas tatuagens, dos teus anéis, do teu cabelo. Teu peito peludo, tua perna enroscada e da tua barba. Eu sinto falta dos teus beijos rápidos, dos demorados e da tua saliva na minha pele. Sinto falta da tua carne dura, do teu mamilo dormente e das tuas risadas. Sinto falta da sua piada, da tua conversa, do teu silêncio, do teu bom dia e do teu boa noite. Sinto falta da gin tônica, da rodela de limão e da tua mão na minha coxa, no meu peito. Sinto falta dos teus elogios, das tuas histórias, do teu olhar perdido, teu semblante cigano, aventureiro. Eu sinto falta de estar contigo, de verdade, isso me assusta.

Eu não sou do tipo de pessoa que se apega, do tipo de pessoa que sente falta. Ainda assim, eu sinto a sua falta. Isso não faz sentido. Parece uma brincadeira de mal gosto, mas eu sei que é só a vida sendo vivida. Parece tão injusto eu não poder mais falar contigo, não poder te tocar, não poder te ver. Eu sinto falta de ficar olhando você escondido. Contar os fios no seu rosto, beijar cada parte do teu corpo e de ficar do teu lado. Eu me pergunto pra onde tudo isso vai. O que eu faço com essa falta que ficou aqui? Eu sinto falta de você me explicar as coisas. De você me ajudar sem nem perceber que estava me ajudando. Eu sinto falta de poder sonhar, sem me achar ridículo. Eu sinto falta de ouvir você falar que ama falar de amor.

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