27 setembro 2017

Bairro do Flamengo


Eu ando pelo bairro do Flamengo, admirando os canteiros, sentindo a umidade do ar. Eu ando pelo bairro do Flamengo e vejo os meninos a me admirar. Eu ando pelo bairro do Flamengo, nas minhas mãos uma pipoca, um picolé ou coisa que o valha. As crianças indo para a escola. Os caminhões de entrega do Zona Sul. É cedo quando eu ando pelo bairro do Flamengo. Às vezes tem uma neblina fina, uma névoa geladinha que vem da praia. E os prédios altos e as árvores. A calçada do Belmonte, o aterro. Aquele vento forte bate no meu rosto e balança meu cabelo curto. Me sinto um anjo levitando. Sou capaz de parar entre as pistas e passar o dia ali, vendo a movimentação. Taxis amarelos passam zunindo por mim, de um lado e do outro. O barulho vai aumentando. A cidade vai passando pelo bairro do Flamengo, do mesmo jeito que eu um dia passei. E quando eu penso em fincar o pé no gramado, percebo que ainda estou no ar. Um ar agora iluminado por um sol quente e radiante que vem lá de trás do mar. O sol aquece a minha pele, aquece o meu cabelo, os meus olhos. Eu os fecho e sinto o bairro do Flamengo me transpassar enquanto espero a noite chegar. E no deserto do aterro, nas calçadas vazias e escuras, passam pessoas que me olham, que me amam, que me beijam, que me transam. Nas pistas passam os ônibus, os taxis, os carros. Em mim passa o bairro do Flamengo.

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