19 outubro 2010

De tudo o que eu esqueci


Eu não sei o que é certo nem o que é errado. E me desculpem por não saber. Por ter esquecido de limpar meus dedos, tirar as sujeiras pretas debaixo das minhas unhas.

Me esqueci como se escrevem os nomes; de repente, eu só me lembro daquelas palavras inúteis, as que não são nem certas nem erradas. Me desculpem, a culpa não foi minha se cheguei até lá.

Eu não sei inglês, nem nunca soube. É que às vezes a gente esquece até o que nunca soube. Tudo pelo prazer de esquecer.

Não sei sorrir pelo mesmo motivo que não sei o quanto isso soa clichê, pronto e infantil. Mais pronto do que clichê, mais clichê do que infantil. Mais que tudo, infantil. Todo o resto é o que já não importa mais.

O que eu esqueci está ali, preso entre meus dedos. Não com a força de quem é segurado. Grudado na oleosidade de uma mão que não foi lavada. As unhas sujas e as sujeiras pretas.

6 comentários:

  1. sempre post dignos de aplauso!
    aplaudir de pé claro!

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  2. O dia que alguém souber o que é certo e o que é errado, eu largo tudo e a sigo pro resto da minha vida.

    Beijos!

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  3. nem vou comentar nada...

    Sensacional!

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  4. Nem certo, nem errado, nem muito pelo contrário. Sempre atento às possibilidades.

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