23 agosto 2010

Tom Cruise fala comigo


Quando eu pensei que era desatualizado escrever sobre máscaras, me surge um tal de Tom Cruise, meio que só pra provar. Ele veio lá dos anos 1990, colocou uma daquelas douradas e falou com um sorriso bobo no rosto que aquilo era antigo, que ninguém mais sabia o significado das máscaras, se é que elas ainda tinham significado. Se é que algum dia tiveram.

Ele colocou a mão esquerda no meu ombro direito, aquela mão com a aliança do casamento com a Nicole Kidman, dourada como a máscara que trazia no rosto, sorriu e repetiu: “Ninguém mais liga para as máscaras”.

Eu fiquei uns segundos pensando naquilo e pensando também naquele café-da-manhã de terça-feira que não tomei direito. Lembrei dos sorrisos por trás das máscaras que tanto me tiraram o apetite e depois pensei na etimologia da palavra apetite.

Só então percebi que Tom continuava falando, sem deixar o sorriso estampado no rosto daquele jeito bobo se desfazer em dentes normais. Era um sorriso que se misturava em riso, dizendo “desista”.

Olhei para o teto abobadado do cômodo onde estávamos e vi aquela mulher nua, com a máscara que parecia estar no rosto do meu novo amigo Tom. Ela ainda carregava no cabelo uma peruca de longos fios rosa-pink. Mas o corpo nu.

Ela me sorriu. Olhei Tom confuso, que sob a máscara idêntica, também me sorriu. À minha frente foi Nicole quem sorriu, em seus lábios entendia-se silenciosamente “1990”. O cabelo loiro e cacheado, os seios sob a blusa fina do pijama. Estava dormindo. Falando dormindo.

5 comentários:

  1. em determinados momentos eu gosto de usar máscaras e tb gosto q outros as usem ... elas permitem uma certa viagem fetichista ...

    sua sensibilidade com as palavras me cativaram definitivamente ...

    bjux

    ;-)

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  2. máscaras sempre fazem bem, é cômodo, usamos uma diferente para cada pessoa e situação, mas está mesmo fora de moda... Tom tem razão, rs. Bjuu!

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  3. Preciso fazer um comentário mais ou menos off post: eu detestei esse filme. Eu até queria ter gostado, sei bem da capacidade do kubrick em fazer filmes bons, mas não posso mentir pra mim mesma: eu detestei. Fiquei esperando, esperando, esperando e... acabou. É longo, cansativo, e eu devo confessar que o excesso de nudez me incomoda um pouco. O filme quase vale a pena pelo Tom Cruise. Quase.


    Beijinhos

    http://mmansur.blogspot.com/

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