21 agosto 2010

London Town


Lá o ar era mais seco, como as pessoas que o rodeam. Lá as pessoas se atraem, se sentem confiáveis, como em lugar nenhum se sentem. Têm aquele tipo de sorriso estampado no rosto, como se soubessem do poder da suas vozes. E nem se pensa nas palavras, é só o tom da voz mesmo, aquela vibração que atrapalha a frequência no ar. Tem dessas piadas e dessas viagens que ninguém entende. Só quem vive lá. Lá o vento brinca com o cabelo, o pouco vento que circula na altura do meu pescoço. Lá se chama ilusão, ainda que insista em fazer-se realidade. Lá não faz sentido acordar, porque dormir é tão tranquilo. Tão pacífico. É desse tipo de lugar que amanhece quando a gente abre os olhos e anoitece quando as pálpebras pesam. Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Te levam àquele lugar de vento em vento, de ilusão à ilusão. E trazem de volta com você aquele frescor da primavera que rola por lá. A primavera lá é de verdade, as coisas cheiram a primavera. Cheiram àquilo de que tanto falamos antes de a primavera chegar. Você pode fechar os olhos e imaginar ou simplesmente deixar o toque das cinzas sentir sua pele. Elas estão aí aos montes pra tocar quem passa por lá. Lá é bem diferente daqui.

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