14 novembro 2018

29

Não se espera por salvação aos 29,
Pouco de esperança é o que resta.
A vida já tem seu desenho e
Nada parece capaz de mudar.

Aos 29 parece estar fechado o casulo
E todas as transformações são coisas de cinema.
Um dia após o outro parece a solução
De um tédio que é aceito, que é normal.

Não há espaço para romantismo, nem choro.
O coração é um órgão abalado pela quantidade de cigarros fumados,
Pelo álcool ingerido às sextas-feiras.
Se alimentar de amor está fora de cogitação.

Eu devia ter atentado para esses sinais.
Deixado para trás sonhos tão infantis
Que não cabem nos 29 anos que carrego na bolsa de mão
Para todo lado que vou, protegida.
Aguçar os sentidos, me manter em alerta.
Deixar o ar parado ao meu redor,
Pronto pra qualquer mudança por perto.

E se vivi 29 anos sem saber como é estar
Como estive nos últimos quinze minutos,
Vou sobreviver
Com a bolsa de mão mais cheia, mais protegida.
Não há de se lamentar, não há de chorar porque uma canção triste toca na rádio.
Não.
Há de se agradecer por ter repartido a comida,
Por ter amado a cama,
Por ter sido querido
Aos 29.

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