Sonhava
com você assim, meio malandro. Você falava arrastado e me trazia o cigarro
aceso e um copo de conhaque. A gente ficava até tarde da noite olhando a
vizinhança pela grade da nossa janela da sala. Quando você se cansava, pedia
pra eu subir para o quarto e tirar toda a minha roupa. Queria você falando que
me amava sem roupa e que não conseguia desgrudar os olhos de mim. Depois você
subia bem devagarzinho, com um palito de dente enfiado na boca, fazendo um
barulhinho irritante, mas eu adorava. Você cheirava à rua e aos bares que você
ia, aqueles que eram sempre diferentes dos bares que você me levava. Pra mim,
você tinha cheiro de cerveja e, quando caía em cima de mim e sujava a mim e ao
lençol, deixava seu cheiro impregnado. Você sempre me olhava desafiador e
gostava de mim porque eu estava sempre pronta. E eu adorava que você gostava de
mim.
Gosto deste ar undeground de seus escritos ... Lindo e envolvente ...
ResponderExcluirBeijão
interessante que seu eu poético é sempre feminino né?
ResponderExcluirOlha, me arrisco a dizer que quase deu para sentir o cheiro dele aqui... fica uma sensação de que somos testemunhas, alguém espiando essa cena...
ResponderExcluirTambém gosto as vezes de ficar vendo o movimento da noite... debruçado na janela ou na grade...
Abração.