15 setembro 2011

Freakness

Pegou na minha mão e saiu correndo por aí, na chuva. Gritava versos de Guimarães Rosa. “Se fosse só eu a chorar de amor, sorriria...”.

Pegou o casaco e a cartola. Ajeitou um em mim e outro em si próprio e seguiu, depois de alguns minutos correndo loucamente, a andar pela Avenida dos Aleijados.

 
Disse, no caminho, que não tinha muito que falar, que só queria andar ao meu lado e expor ao mundo quem somos.

“No cinzeiro cheio de cigarros fumados, os restos de uma carta...”. E daí nada mais fazia sentido. Andei porque era como minhas pernas respondiam à cartola que amassava meus cabelos.

E se alguém disser que eu me cale, até me calaria. Vai que seria assim, o fim de toda uma vida? E me peguei pensando. Vai...

6 comentários:

  1. será que é assim?
    lindo, como sempre.
    bj

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  2. ai ai...
    “Se fosse só eu a chorar de amor, sorriria...”.
    eu tb...
    eu tb...

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  3. Se contentar com a presença, mesmo que não se tenha o que falar, é uma grande demonstração de ternura.
    Bjão

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  4. Adoro ler teus escritos... sempre fico a imaginar situações, a encontrar pontes entre coisas vividas...

    Abração!

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  5. Lembrei de uma das canções do cd "canções de amor entre iguais"... muito "você vai ser meu escândalo" este [sempre belo] texto!

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  6. eu me calaria, também. junto à cartola, e àquela mão puxando a minha pelo caminho, enquanto expunha ao mundo quem somos[seríamos].
    lindo lindo.

    [j]

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