07 agosto 2011

Sandra


Sandra não tinha nome de santa, nem o era. Lavou o quintal naquela manhã e só deixou minhas roupas lavadas no tanque antes de ir. Nunca mais voltou, nunca mandou carta. Nem feijão pronto deixou. E quando a vizinha por misericórdia passou minhas camisas, percebi que Sandra passou dos limites. Deixou um rombo naquela azulzinha, de seda bem fina e cara. Rombo maior que no meu coração, fino e caro. Quando dei por mim, vi que já não tinha isqueiro, nem tabaco. Que Sandra havia levado, sabe lá Deus por quê, já que nem fumava. E o meu salário, Sandra só não levou porque guardo escondido, mas fez questão de ficar até o final do mês pra me levar à miséria antes de ir. Nem ensinar nosso filho a mijar no vaso Sandra ensinou, mas saiu deixando-lhe um beijo vermelho no braço fino. O menino insiste em não tomar banho no lado esquerdo do corpo, pra não lavar o beijo que a puta da Sandra lhe deixou, enquanto a inhaca vencia o cheiro do cloro que usavam no banheiro. Nem quando houve telefone Sandra ligou. E eu pensando que era só isso que ela esperava. Alguma invenção moderna, ou o início de mais um mês com mais um salário. Mas Sandra não voltou.

10 comentários:

  1. puta q pariu!
    que texto maravilhoso!

    ResponderExcluir
  2. aff! foi melhor ela ter ido mesmo!
    e você escrevendo cada dia melhor

    beijos

    ResponderExcluir
  3. definitivamente Sandra não era uma boa bisca ...

    memorável este seu conto querido ...

    agradeço o carinho por lá

    bjão

    ResponderExcluir
  4. Menino, vc está melhorando a cada texto (como se isso fosse possível).
    Parabéns!
    Adorei!

    ResponderExcluir
  5. Tadinho dele. Do menino.

    A propósito, que oxford lindo, nossa.

    ResponderExcluir
  6. Sandra nao teria capacidade pra usar um oxford desse, tao meigo. Biscate!

    ehehe
    tao bom que despertou o pior em mim. rs

    ResponderExcluir
  7. E essas Sandras que gostam de absorver a vida alheia... tsc tsc tsc

    Já foi tarde...

    Beijo

    ResponderExcluir