23 julho 2011

Rua do âmago


A ponta da caneta mastigada, como os cantos dos meus dedos da mão direita. Em alguns pontos brotam sangue, em outros bicheira. Mas eu continuo seguindo, andando pela rua que me leva ao âmago das questões do amanhecer.

O cabelo levemente despenteado, como quem acabou de levantar do sofá, como quem passou a mão na cabeça repetidas vezes, preocupado com o rumo que a rua lhe dava. Se seguia a caminho da rua do âmago das coisas.

E enquanto seguia se perdia em seus passos. Sem nem perceber seguia à direita ou fora da linha. E parecia conhecer a todos pelo caminho errante, cumprimentava-os, sorriam de volta sem nem ao menos sorrir-lhes.

De cabeça para baixo, se equilibrando nas duas mãos machucadas, como um artista de circo, seguia o caminho à rua do âmago das questões do amanhecer. Porque só o que queria era se encontrar e nessa de se encontrar tratar de esquecer o resto do mundo.

9 comentários:

  1. gente, por algum motivo, eu não consegui ler nenhuma frase conectada a outra... parecia q eu tava lendo frases soltas q me apareciam num power point...

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  2. Eu também.

    Mas porque que tudo tem que ter sentido? :p

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  3. há momentos que são só nossos mesmo.

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  4. de ponta cabeça rumo ao âmago?
    eita!

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  5. Dizem que é sempre mais escuro um pouco antes do amanhecer.

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  6. E a vida digital continua ainda nada poética. Quem quer falar de teclados, né? ;-)

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  7. incrível. ouso dizer que um dos melhores seus que já li.

    {porque só o que queria era se encontrar e nessa de se encontrar tratar de esquecer o resto do mundo}

    beijos e obrigada pelo comentário. você sempre sabe o que dizer.

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  8. Definitivamente! pq as coisas sempre têm q fazer sentido para os outros ... basta q elas façam para nós ... é o q eu acho e pronto ...

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  9. tambem achei esse um dos meus preferidos. praticamente refiz o percurso rumo à rua do âmago, junto à leitura.
    achei apoteótico. lindo!
    bjo

    [j]

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