29 julho 2011

Menina da vida

Não adianta agora dizer que ela não presta, se tudo o que ela fez foi seguir você. Agora você vai querer sentar de lado na poltrona rosa, olhar com esse seu olhar e dizer que não queria ela assim.

Se a menina hoje tem seus vazios entre o peito e as costas, tem a ver com o que você vivia dizendo pra ela, quando criança. Que nada como uma mulher que sabe se valorizar, que tem os pés no chão e a periquita longe dos vilões. E enchia os olhos de pânico quando dizia “vilões”.

Vai querer lamentar agora, enquanto tudo o que a menina tem a fazer é passar o rímel nos olhos e borrá-lo um pouco para lhe dar a aparência de uma cigana do nosso século. Ela parte andando, rebolando o pouco que tem, e não te olha por ter vergonha.

Talvez se você não fizesse assim, isso de se colocar desse jeito e abrir os olhos cheio de terror, talvez a menina aceitasse quem é. Vai que ela um dia desiste de maldizer teu nome toda vez que vira a esquina e dá de cara com um quebra-molas. Vai que, com o tempo, isso tabém passe.

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