11 julho 2011

De olhos fechados


E todas as vezes que fecho meus olhos, vejo seus olhos me olhando, me encarando debaixo daquele chapéu de aba grosa e roxa. De um roxo escuro típico de fantasias infantis. Assim de lado, contraído pelas bochechas que sobem todas as vezes que você me sorri aquele sorriso que eu nunca consigo ver.

Eu não sei quem você é, mas sei quem são seus olhos. Eles falam para mim que me enxergam toda vez que eu fecho os meus olhos. E movimenta a cabeça assim, meio para a direita, deixando o chapéu pender para o lado e lhe dar um ar juvenil.

Quase tão juvenil quanto o roxo do chapéu ou o chiclete de tutti-fruti do qual sinto o cheiro. Talvez estejamos só mastigando chicletes, de olhos fechados, em duas esquinas distantes. Separados pela aba desse seu chapéu torto, sobre os olhos mais retos já visto na face da Terra.

7 comentários:

  1. Tomara que esses olhos possam ler seus textos um dia, se já não o fazem!

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  2. cheiro de chiclete me traz muita lembrança!

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  3. Adorei... impossível ler e não lembrar de algum par de olhos...

    Perfeito! Boa semana...

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  4. olha quem continua inspirado... =)

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  5. Eu fiquei triste. Seus textos sempre me são muito pessoais. Você me faz senti-los como se tivesse escrito sobre mim. E não quero olhos que me enxergam quando fecho os olhos se eles não estarão lá quando eu aos meus abrir.

    Me veio à cabeça Nando Reis: por que está amanhecendo se não vou beijar seus lábios quando você se for?".

    Adoro seus escritos, seu moço.

    Xêro!

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  6. ai guri, que texto lindao! e inspirador até nestes tempos. que texto lin.do.
    muito bem!

    [j]

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