27 janeiro 2011

Os meninos da retórica

Conheceram-se muito novos, quando as coisas ainda não estão devidamente decididas. Porque assim que decidissem, seria o casal perfeito. Se amariam debaixo do sol e da chuva e carregariam com eles a responsabilidade de que no dia seguinte houvesse o mesmo sol e a mesma chuva.

É culpa dos amantes se a chuva não cai antes ou depois do sol. Se o sol nem ao menos dá as caras. Ele costumava dizer isso em meio aos seus discursos retóricos, como quem domina não só a retórica, mas a consciência da retórica também.



Algo lhe intriga na palavra retórica. Talvez seja a lembrança que lhe traz do amor. Aquele amor bobo, despretensioso. Que tinha manias de fazer piadas, rir de si e de todos outros. Jorrava infantilidade pelas têmporas, ainda que alguns dissessem que aquilo se tratava de juventude e inocência. Era uma despreocupação.

Só lhe preocupava a retórica. Que a mesma estivesse intacta. E se assim fosse, seria bom para ambos. Fugiriam do destino de culpados. Livrar-se-iam do fardo que é carregar a responsabilidade pelo desaparecimento do sol e da chuva.

8 comentários:

  1. Fugiriam do destino de culpados.

    e a gente complica e complica e complica.

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  2. como complicamos a vida né? e ainda nos damos o direito de reclamar dela ...

    hummmmmmmmmm!!!

    bjão

    ;-)

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  3. Talvez essa retórica seja justamente a busca por aquele sentimento incosciente nosso que chamamos de...amor. certo?

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  4. Nossa... Que texto complexo... Minha cabeça deu um nó agora... hahaha

    Um abraço, Antônio... Até o próximo

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  5. Concordo com o Julio... complexo, mas muito bom =D

    E adoro o uso da palavra "retórica". Acho-a sonora, bela... uma pena que, apesar da admiração, não consigo incluí-la no meu dicionário usual...

    Um xêro!

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