05 janeiro 2011

Corredor



O menino corria pelos corredores da escola, porque esse era o nome que recebera - corredor. Corria das vozes que gritavam atrás dele, chamando-o de nomes que até hoje não conhece tradução. Só sentia medo.

Crianças às vezes são assim, cruéis. Às vezes elas se deliciam com gramas de Skitles, mas outras vezes elas são cruéis. E fazem o menino correr pelos corredores, sem saber aonde chegar. Correr por correr, pra se sentir um pouco mais protegido.

E quando a gente cresce, percebe que só foram alguns anos, algumas palavras sem tradução, algumas traduções. Não passara disso. Agora a gente segue o caminho e percebe que, quando se aceita a melancia pendurada no meu pescoço, ela pesa menos do que pesava.

Não é preciso estar corcunda pra chegar a essa conclusão. Basta ter uma melancia no pescoço. Basta estar cansado de correr dessas crianças cruéis.

12 comentários:

  1. Corredores da vida!É assim q vamos vivendo...
    Sempre um texto bacana! Adoro a maneira como vc escreve!!!

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  2. Quando se sabe o peso da melancia, sabe melhor como aguentá-la.
    Gostei muito do seu texto!

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  3. Cara, que texto lindo...
    O difíciu não é carregar a melancolia, e coloca-la no pescoço. Depois agente aprende a suportar o peso, que ao longo dos anos, vai ficando menor (ou pelo menos, é o que esperamos).

    Um beijo... Até o próximo!

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  4. Crianças são seres muito cruéis. Cruéis e vis, que fazem de tudo para conseguir o que querem, e não sentem nenhum remorso em hostilizar os demais.

    Monstros.

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  5. eventualmente a gente esbarra com essas crianças cruéis, não mais tão crianças assim. e quem corre atrás de quem agora, hein?

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  6. Adorei o texto, você escreve muito bem. Escreve de um jeito que eu nunca vou escrever, e suas palavras acabam servindo para todo mundo.

    Eu adoro esses hífens, sabe? Que vc colocou na primeira frase "o nome que recebera - corredor". Por mim eu - usaria - hífens - em - tudo, e mataria a gramática, o português, a ortografia, e tudo mais.

    A propósito, adoro o David Bowie! "Ch-ch-ch-ch-chaaaaanges/ turn and face the strange..."
    E cá entre nós, a Capitu não traiu o Bentinho. Ele que era super inseguro.

    Beijinhos!!

    http://mmansur.blogspot.com

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  7. qdo criança eu não era cruel mas recebi muita crueldade ... com o tempo aprendi a lidar com todas elas sem me tornar cruel tb ...

    ;-)

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  8. Na minha época Bullying não existia em nosso dicionário. Confesso que eu era uma criança má, muito má. Como dizem, a vida da voltas e hoje estou aqui. rs

    Mais acredito que a crueldade praticada hoje se distingue à da minha época. Eramos apenas muleques que brigávamos na saida do colégio.

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  9. Cada um sabe o peso da sua melancia!
    As crianças não são cruéis...são reflexo-e dos sinceros- dos adultos

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  10. Dá pra passsar uma vida inteira correndo, não só quando se é criança.

    Como disse bem o Reginaldo, acho que todos nós que lemos seu blog somos de uma época que não se falava em bullyng, era o que chamavamos de zueira mesmo. Alguns aprenderam a se defender, outros sucumbiram, eu tive momentos em que dedos foram apontados pra mim, mas também fui apontado.

    A diferença é que hoje, graças principalmente à internet, a zueira de colégio pode ganhar uma projeção que na nossa época não existia.

    E aí? Quando compartilho aquele vídeo engraçado no Facebook, mesmo estando longe da escola, será que não contribuo pra mandar alguém pra terapia???

    [desculpa o tamanho do coment]

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  11. pior que existem umas "crianças" com síndrome de Peter Pan, que continuam cruéis ao longo da vida...


    bjs moço

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