17 maio 2010

O filho perfeito


Era o filho perfeito, estudante universitário. Curso de Humanas. Falava algumas línguas com fluência. As outras, manipulava como ninguém. Sorria sempre no momento certo, isso era algo de que se orgulhava.

Nunca aprendera a andar de bicicleta, mas ainda assim era o orgulho da família toda. Principalmente da mãe, que era muito possessiva e andava satisfeita desde que descobriu que o crescimento dos pêlos pubianos do filho não tinha nada a ver com conhecer sua futura nora. Ou as futuras noras.

Ele nunca levava ninguém em casa. Exceto pelas amigas, era o que diziam os dois, enquanto todos se riam deles – o casal – rodeando a mesa do almoço de domingo. Eles coravam, como devia ser. Ela mais que ele.

Não sabia o que seria da sua vida se não fossem suas amigas, que aturavam o almoço com a sua mãe e as piadas do seu pai.

Ele seguia humanamente, na perfeição de um filho exemplar. Daqueles que não bebem e não voltam depois das onze da noite. Aquela mãe dormia tranqüila depois que seu filho estava na cozinha comendo a sobra da janta. Ele estava com fome. Fora exaustiva a reunião com seu orientador naquele quarto de motel.

3 comentários:

  1. Esse pessoal de humanas, fala mesmo algumas línguas e manipula bem as outras. Além disso, acham que podem manipular as pessoas (desabafo, oi?). Prefira as pessoas de exatas, sempre. São racionais e são isso mesmo que se vê...

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  2. "Ele nunca levava ninguém em casa. Exceto pelas amigas (...)" bem sei o que isso quer dizer ...

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