17 abril 2010

Tabagismo

Você está na fumaça que você tanto odiava e não há o que te impeça de estar lá. Eu sei porque sou eu quem fuma você. Você entra pela minha boca, aquece todo o meu rosto por dentro e me traz a calma ao mesmo tempo em que me traz a doença. Você se dissipa no ar. Ele é frio e úmido. Desses ares sobre os quais não se tem o que falar. Perfeito. Você é distração na noite de tédio. É a blusa roxa que eu visto e o All Star branco que eu calço. Você é tudo que me lembra eu mesmo naqueles dias. É a letra despretensiosa que eu escrevo e os sons que eu ouço. Você é aquilo que eu não ouço também. É a velha sentada ao meu lado, entre mim e você. Você é a distancia que nos separa e a Petula Clark no meu iPod. Você é a modernidade de um romance moderno. É a lapiseira 0.9 2B com a qual te escrevo. Ah, se você fosse como eu te escrevo. Você é a bebida que eu bebo e o copo da bebida. É a cebola empanada e pão australiano. Você é refrigerante refil. Você é a luz do shopping, vendedora da Avon. É criança chata caída no chão. Você é show de rock e ambulante na frente do show. Você é o Carlton que eu te comprei. É o Carlton que um fumei.


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