19 abril 2010

Maçã-do-amor


“Que cheiro é esse de maçã-do-amor?”, ele pensou, quando se aproximou. Na hora, teve a reação de voltar um passo para trás. Se distanciou um pouco da quermesse que exalava aquele cheiro. Vestia xadrez, como toda barraquinha de maçã-do-amor da região, e usava aqueles óculos de emo-gay-adolescente. É, aqueles que os artistas de Hollywood usam também. Também era moda entre as barraquinhas daquele tipo, na cidade. Mas o cheiro de maçã-do-amor, apesar de lhe embrulhar o estômago, lhe convidava a um pouco de doce. Era o que tinha de mais doce na lista da manicure. Maçã-do-amor só era páreo para invejinha-boa, mas todo mundo sabe que inveja nenhuma tem cheiro. A não ser aquela daquele cara que não tem que sentir cheiro nenhum de maçã-do-amor enjoativo. Começou a pensar num jeito de esquecer o cheiro. Se acostumar. Mas quanto mais pensava, mais o estômago embrulhava.

Nenhum comentário:

Postar um comentário