21 abril 2010

Filhos


Nossos filhos vão brincar de Lego. Disso eu me asseguro. Nem que pra isso eu tenha que chantageá-los. Só vão entrar na internet se brincarem de Lego. E depois que eles montarem, seja lá o que for que suas criatividades decidirem montar, eu quero ver. Só pra me assegurar que eles não estão me enganando.

Eles vão estudar no Pedro II ou no Colégio Militar. Os dois ali nos arredores da Tijuca. Só porque eu não estudei nem em um, nem em outro. E não vão fazer faculdade na UERJ. Não admito nada a menos que UFRJ. Eles poderiam também sair da cidade. Deve ser bom viver longe dos pais e experimentar todas as coisas que a universidade proporciona. Em último caso, eles estudarão na PUC.

Nossos filhos vão perder a virgindade antes dos 15 ou depois dos 20, o que tiver na moda na época. E todos, eu disse todos, serão bissexuais. Os heterossexuais sofrerão preconceito, do mesmo jeito que os emos remanescentes dos anos 2000 e as caminhoneiras dos anos 1990.

Nossos filhos usarão o telefone só pra telefonar. Ninguém mais vai querer câmera de celular nem mp-qualquer-número. Ele ouvirão o equivalente ao Justin Bieber e usarão cabelo black-power. Drad vai ser coisa de inseguro e de tradicional.

Eles serão fãs dos filhos da Lady GaGa, que terão uma banda de músicas cantadas, sem gagueiras nem auxílio de artefatos eletrônicos. Eles irão namorar cedo e vão trair seus namorados. Vão ser melhores que a gente na hora de contar uma mentira e de serem enganados também. Serão facilmente traídos.

Vão comer no Burger King, mas sem a batata frita. Desde aquele artigo que deu numa matéria no Fantástico que fala sobre os perigos da batata no Brasil, nosso país nunca mais será o mesmo, nem os lanches do Bob’s, do McDolnald’s e do Burger King. A cenourinha não vai funcionar, nem a calabresa e o preço do lanche vai ter que diminuir. Eles só vão comer lá porque é mais barato que o restaurante do momento, pra dias especiais.

Vão se casar, diferente de mim, e vão ter filhos que nascerão com alguma anomalia que depois vai se descobrir ser coisa da geração. Os filhos deles também serão bissexuais e não entenderão de início como a coisa funciona. Nossos netos torcerão pro Botafogo. O Fluminense vai virar time amador e treinar ali no Aterro do Flamengo.

Quando eu estiver levando meus netos pro CCBB, pra exposição do filho da Deborah Secco, sobre as obras de Drummond, a gente vai parar pra dar uma olhada no treino, rezando pra poder ver de longe o busto do Renato Gaúcho enferrujado. Há dias que a gente tentava fazer isso. Há dias.

5 comentários:

  1. meus filhos não vão andar com seus filhos
    Disso eu me asseguro

    filho meu, não estudará na PUC, filho-da-puc jamais!

    filho meu, vai ser preto
    pq sou uma boa menina e g-zuiz vai me dar um marido preto
    logo, meus filhos terão cabelo sarará
    e chapinha lá em casa será vista pior q crack
    será uma família blackpower/dread

    meus filhos serão pegadores
    pq acho um absurdo adolescentes ficarem chorando por ai dizendo q amam fulano
    e vou cuidar da alimentação deles, vegans!,
    pq pior q chorar por alguém antes dos 25 anos é chorar por causa de uma balança

    FLAMENGO ETERNO!

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  2. Filho meu também não vai pra Puc!

    E Deus me livre de ir assistir uma exposição do filho da Deborah Secco sobre Drummond! Ou sobre o que for...
    Aliás, Deus me livre de a Deborah Secco ter filhos! Certos gens simplesmente não devem ser multiplicados...

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  3. Meus filhos, certamente não seria desses chorosos, a menos que o choro fosse de alegria, pelo nascimento dos filhos deles.
    Seria guerreiros, como não se vê mais hoje em dia.
    Trairiam sim, desde que a pessoa a seu lado não fosse aquela por quem procurou pela vida inteira.

    Blog add nos meus favoritos*

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  4. Estava escrevendo um texto sobre filhos pro meu blog, quando voltei a estudar micro e cansada de 5 minutos de micro quis ler o blog do Antônio...Encontro um texto sobre filhos e faço minhas as palavras da Isadora.

    "Meus filhos não vão andar com os seus"

    Gostei do texto =)

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