30 novembro 2014

Maria


Maria era menina para casar. Sempre soube disso, desde que a vi, correndo no mato, debaixo do sol de setembro, que é lindo aqui na nossa cidade. E de vez em quando ela virava para trás e me olhava. Soltava um sorriso, desses sorrisos de boca e de olho. O cabelo dela balançava, parecia ter vida própria quando Maria corria. Ela costumava andar descalça e ainda assim parecia limpa. Cheirava a baunilha e a verão, qual fosse a estação. Decidi naquele dia que Maria seria minha. Ela não falava alto, não encostava o cotovelo na mesa na hora da janta, não roía as unhas das mãos. Maria não dava conversinha nem sorria aquele sorriso dela para qualquer um. Maria parecia que era só minha. Se comportava nas festas, não tinha Tinder, nem ex-namorado Maria tinha. Ela tinha uma voz doce e cantarolava a canção da abertura da novela toda vez que tomava banho. Aqui fora, no nosso quarto, ainda hoje me encanto com a voz da Maria debaixo do chuveiro. Tão afinada é Maria.

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