Ali do lado nos encontrávamos e, debaixo da cama de montar, dormíamos escondidos, beijando-nos. Éramos como irmãos incestuosos, sem camisas e com shorts de dormir. Era a cama, nosso forte, e a vergonha, nossos chapéus de caubói. E quando cansamos de sermos irmãos, viramos inimigos que vira-mexe encontram-se em ruas escusas e transam os corpos suados e estranhos. Cada vez descobrimos algo. Um pêlo, um braço, um coração. E quando chegamos bem perto, descobrimos que é para ali que andamos voltando. Ali do lado, onde fica aquele quarto todo azul, de cama sempre feita, deitávamos e nunca nos amassamos. Era uma coisa linda, eram dois dorsos verdes.
Hoje, da janela da minha sala, o que vejo é seu dorso bronzeado, suando no sol em abril, lavando um carro como você costumava lavar meus cabelos na pia do banheiro. Hoje, o que temos é nosso fraterno amor estranho, que não conhece os limites do corpo. Talvez nem saiba dar nome às partes.
não entendi...
ResponderExcluirhá textos que não são para o público entender, é só para imaginar. e é por isso que gosto tanto da tua escrita..
ResponderExcluirSUPIMPA!!
ResponderExcluirAh, esses melhores amigos de infância... quem não teve (ou quis ter) "coisa" com o seu?
Muito bacana... é um daqueles textos em que muitas coisas acabam sendo sentidas ao ler... praticamente um portal...
ResponderExcluirAbração!
que lindo. o amor nao precisa ser entendido, nem ter padrão.
ResponderExcluiré amor, seja como for.
adoooooooooro ler vc!
bjo
engraçado como a gente meio que ja nasce com essa curiosidade instalada, ne? essa coisa do irmao, ou da figura de alguem muito proximo, o amigo, o vizinho, o companheiro das brincadeiras; o parceiro das descobertas, o parceiro. adoro como voce pega um assunto geral e transpoe com palavras tao tuas que, no fim, parece que aquele assunto sempre foi teu, que foi voce quem inventou. adoro muito isso.
ResponderExcluir[j]