11 agosto 2011

Crise

Do que tem medo aquele rapaz ninguém há de saber. Ele guarda para ele e não conta nada. Pode contar até dez, fazer cócegas ou lhe descer a porrada. Descer-lhe as calças e lhe dar prazer também seria em vão. Aquele rapaz continua calado, não se abre, apesar do sorriso nem um pouco fechado. Tem a voz mole e o sotaque acentuado. Fala como quem tem palavras saindo há flutuar em tapetes mágicos. Mas isso é só quando fala. Quando não fala, lança o sorriso, balança a cabeça negativamente.


Não adianta se calar, que ele insiste. Faz beiço, faz graça e se joga no chão. Tira a roupa, tira a língua. Argumenta e perde um tempo com tanto argumento. Não adianta parecer claro, falar com todas as palavras ou simplesmente sorrir. Ele quer ouvir a verdade. Quer saber o que o outro sente. Quer conhecer em meia hora, em meio dia. Chora, ri, se faz de safado. Usa das mágicas que possui. Leva na lábia, joga conversa fora. Tudo pra ouvir. Enrola os cachos nos dedos e depois emenda com uma história qualquer.

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