Eu conheci sua mãe, o quarto e o banheiro dela. Conheci seu pai, mas até hoje não sei se cheguei a falar com ele ou se foi só de longe. Conheci sua avó, num cumprimento rápido assim na entrada e sem me despedir na saída. Conheci sua prima, através das fotos, e mais um monte de outros rostos que até hoje não faço idéia de quem sejam. Conheci o menino que você queria namorar quando era menor, assim, enquanto passava na sua rua, ele jogava bola com os outros meninos. Achei isso meio patético. Conheci seu quarto, sua cama. Deitamos no sofá da sua sala e foi lá que conheci suas mãos. Eu não queria desgrudar delas, não sei se você se lembra. Conheci sua cozinha, seu fogão e o fundo da sua lata de Nescau. Conheci seu café da manhã, seu jantar. Conheci a rua onde você mora e a escola onde estudou, mas isso foi tempos depois, quando fingíamos não mais nos conhecer. Conheci o cheiro da sua pele e o gosto do seu beijo. De vez em quando conhecíamos novas posições para a hora do sexo e novos carinhos. Conheci seu carinho e a sua preocupação em me trazer uvas verdes. Eu nunca mais comi uvas verdes. Parece que só se encontra na sua casa. Conheci Vanessa da Mata. Naqueles dias, conheci sua casa. Conheci onde você habita e onde tinha um pouco de mim, porque você queria. Justo você, que hoje eu não conheço. Conheci você, seus gostos, desgostos e, de quebra, a voz. Mas hoje em dia você nem fala e parece que tudo aquilo que eu conheci não existe mais. Conheci de longe a felicidade, os momentos felizes dos quais poetas otimistas vivem falando. Ela acenava assim, como quem quer aparecer para quem não quer vê-la. Tinha o seu formato e o cheiro que eu tanto conhecia.
“foi lá que conheci suas mãos. Eu não queria desgrudar delas... Justo você, que hoje eu não conheço.”
ResponderExcluirQ coisa mais linda!!! Senti a dor do conhecer! Texto altamente poético! ;)
uaaaaaauuuuuuu
ResponderExcluirpor mais q doa agora, estas vivências são importantes e marcam nossas vidas ... amanhã não doerão mais mas se revestirão de uma doce lembrança ... acredite ...
ResponderExcluirbjux
;-)
por isso que sempre digo, que os relacionamentos deveriam ser feitos de eternos começos...a paixão de conhecer é tão melhor do que aquela de perceber os erros e defeitos alheios...rs
ResponderExcluirbelo texto..
abração.
ow, q lindo, meu Deus!
ResponderExcluirq lindo!
qria q alguém um dia me conhecesse tb!
='(
Gostei muito. Muito bonito, poético e melancólico. Não te conheço tanto quanto o seu texto conhece, mas gosto muito do pouco que conheço. (numa mesma frase usei 3 vezes a palavra conheço. Léxico, cadê você? hahahaha)
ResponderExcluirAdorei o texto. Acho que é triste mesmo quando a gente tem alguém bem na nossa frente que, infelizmente, não é mais aquele alguém. Vai-se a essência, e a forma permanece...
ResponderExcluirBeijinhos!
Eu nem preciso dizer, né Antonio... Eu já sou seu fã! Esse jogo poético que você faz, aí vc vem e coloca uma lata de Nescau no meio... Perfeito... Lindo, não precisa sair da realidade para ser sublime, irreal... Aliás, essa é a graça da sua escrita...
ResponderExcluirMe amarrei nesse texto (novidade, hahah)... Um beijo, até o próximo
Pena que conhecer bem não seja suficiente para manter junto. Ah, se fosse...
ResponderExcluirO texto é lindo, mas me vi em tantas linhas.
ResponderExcluirPq tudo é assim? E, não sei, depois que acaba parece que só o bom fica e o desagradável se evapora.
Vá-lha me, Deus!