02 setembro 2010

Hoje


Eu estou sem tempo pra respirar. Pro resto, me sobram horas do dia. Hoje eu vi o mar no meu sonho e ele estava tranqüilo. Talvez até frio. Ou então era meu cigarro aceso que aquecia ao meu redor. Meu mais novo companheiro. Hoje eu não tenho história alguma pra contar, nem uma música pra lamentar. De repente, essas canções deixaram de fazer sentido. Tudo parece tão superficial. Eu vivo nessa zona, da superficialidade ao espectro que flutua sobre a superficialidade. Parece agradável, de antemão, mas pode confundir. Um belo dia você sorri e ninguém se comove. Um belo dia você está cheio de motivos para sorrir, mas também não se comove. Hoje a manhã passou mais depressa, eu fiz questão que fosse assim. Acelerei meus olhos na direção do fim do sol, pra ele partir. Somei as horas de bocejos com as de bom-dia, com o objetivo de simplesmente passar por isso. Normalmente tem sido assim, hoje não foi o único dia. Nenhum dia é único há alguns anos, eu descobri. Hoje eu pensei nisso e me deu um sono, desses sonos inexplicáveis que nascem das pálpebras. Ali nasceu o meu. Quando eu menos esperava fechei os olhos e me vi cinco dias de hoje. Tudo parecia tão real. Tão parecido com hoje. Entra sem bater, bem vindo.


6 comentários:

  1. Que amanhã seja diferente. De repente, basta o olhar. Se ele mudar...

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  2. "nenhum dia é único há alguns anos"

    vc descreveu minha vida em sete palavras.

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  3. Os dias serão sempre únicos se mudarmos o olhar ... com certeza ... mas existem mesmo estes desafios a nos incomodar ...

    bjux

    ;-)

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  4. há uma imaginação bucólica em ação...

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  5. Me senti assim hoje mesmo, impossível de se comover, realmente algumas pessoas ficam apenas na superficialidade, se esquecem de algumas coisas, são egoístas! Como esse texto disse o que senti hoje!

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  6. Gostei muito do seu texto. Tanta similiaridade que há nos nossos dias!

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