02 junho 2010

Médico


Médico formado pela Universidade Federal, alto, forte procura para relacionamento aberto, do tipo “venha na minha casa, coma um strogonoff de frango ou de camarão – caso você não seja alérgico também – e transe comigo um pouco”.

A comida fica por minha conta, disso eu me asseguro. Você só precisa trazer o “Sim” e o sorriso infantil. Também cuido da sua saúde se for o caso e aquela piadinha de “brincar de médico” vai ser cuidadosamente evitada. Questões de ética de trabalho.

Eu estava acostumado a ligar uma vez por semana, sempre às quintas-feiras, por volta das oito ou oito e meia. Bolava um plano sobre como nos encontraríamos e transávamos umas duas horas. Depois disso era hora de ir pra casa, pra faculdade ou pra Avenida Atlântica comer pipoca de madrugada.

Sou limpo, cabelo cortado e a unha também. Se você não for assim também, não adianta ligar porque não vai rolar. Podemos construir uma relação sem cobranças, sem compromissos, nos veríamos quando quiséssemos e quando eu estivesse de folga.

Você não me conta sobre a sua semana, nem pergunta sobre a minha. Podemos falar sobre doenças de idosos, premiações da música internacional ou sobre o último jogo de futebol. Moro em Copacabana, quase no Arpoador.

Não trocamos cumprimentos calorosos, que é pra manter a distância e a discrição. Você dorme na sua cama e eu na minha. Aviso de antemão que isso é essencial para o desenvolvimento do relacionamento ou desse lance que vamos ter. Não falo e não gosto de quem fala lance.

E quando você cansar de mim, simplesmente responda às minhas perguntas. Principalmente se eu lhe perguntar se você está me enrolando. Não gosto de ser enrolado, tenho muito trabalho a fazer durante a semana e gosto de relaxar na minha folga.

Quinta-feira estou disponível. Me procure no Barra D’Or. Se você está interessado entre em contato por email, telefone, Twitter, Facebook, Formspring ou MSN. Simplesmente entre em contato.

2 comentários:

  1. chegando aqui pela primeira vez
    adorei o texto
    super atual, histórias assim estão mais comuns do que possamos imaginar
    infelizmente
    ou felizmente
    vai saber não é?

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  2. Uma visão um tanto quanto pessimista e estereotipada dos médicos, não?
    Dá um desconto, aí!! hehe

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