20 março 2010

Na Márcia Goldsmith


Desde o primeiro momento que a vi, nos corredores do hotel, sabia que algo aconteceria entre mim e ela, na casa. Descendo no elevador que me levava ao saguão cheio de fotógrafos e microfones da RedeTV!, não tirava os olhos dela. Era a mulher com quem queria casar.

Lá dentro, fiz tudo por ela, me aproximei logo de início, ganhei o primeiro anjo pra dar a ela, fiz campanha para ela não ser indicada pelos meus primeiros amigos e lhe dei minha lata de leite condensado. E eu amo leite condensado.

Nunca vou me esquecer da festa dos Mortos-Vivos, quando demos o primeiro beijo. Estávamos tão bêbados. Ela tinha bebido tanta vodka, cerveja e ice. Ela não sabia beber e vomitou todo o nosso caixão. Nosso ninho de amor.

Fizeram de tudo para nos separar. Larguei meus amigos por ela, fui eliminado por ela, ouvi o texto chato do Bial por culpa dela. Meu texto foi longo e eu não entendi nada. Só entendi que não tinha rima, não tinha sentido e era bem gay. Tudo isso pelo meu grande amor por ela.

Do lado de fora, no meio dos abraços da minha família que sentia minha falta e suor da camisa do Pedro Bial (ele fedia a cigarro), pedi ela em casamento. Conheci a mãe dela, que disse que ela não prestava. Briguei com ela. Briguei também com a repórter do TVFama, que disse que ela tinha se envolvido com três homens casados e com duas lésbicas caminhoneiras, antes da casa.

Paguei a multa por quebra de contrato com a Globo porque falei por mais de três minutos em outro canal. Não queriam deixar eu me explicar. Torci por ela aqui fora, fiz meus fãs ligarem para ela ganhar. Mas ela saiu.

Estava esperando ela no hotel no dia da sua eliminação. Com uma rosa vermelha e a miniatura de um caixão. O símbolo da nossa paixão. Ela não quis me ver. Tudo o que ela queria era um lanche do Burger King e dormir.

Ela não quis me ver nos outros dias seguintes. Só nos encontramos, no palco do Faustão, quando ela já segurava sua capa da Playboy, onde segurava uma câmera completamente nua. Eu nunca tinha visto ela nua. Ela não me olhava nos olhos na ocasião. Ninguém olhava nos meus olhos.

Hoje sou entregador da Magazine Luiza, dirijo o caminhão que entrega móveis feitos de restos de madeira e máquinas de lavar. Visto um uniforme branco e verde e como um italiano com caldo de cana toda manhã antes das nove. Fumo cigarro de manicure, moro sozinho, não tenho um cachorro e devo em torno de 700 reais à companhia aérea, desde a vez em que decidi ir de São Paulo a Florianópolis para encontrá-la. Seus seguranças me despistaram.

5 comentários:

  1. motorista solitária20 de março de 2010 às 11:05

    adoro motoristas
    adoro paquerar no trânsito
    hj vc já entende os simples textos do Bial?
    se sim, eu te pego!


    Isadora pereira

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  2. motorista solitária20 de março de 2010 às 11:07

    ah! meu carro tem um band-aid
    me segue!

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  3. m.e.d.o desses comentários ai em cima...


    adorei seu texto, amigo!
    vc tá ficando muito bom nisso
    tem um quê de Caio Fernando de Abreu!
    adoro mesmo!

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  4. Melhor só se fosse entregador das Casas Bahia!! rsrs

    Adorei tudo, mas o título... é GORGEOUS!! Total Programa da Márcia.

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  5. nice.

    *

    quatro mulheres?

    acho que não.
    e você (acha que) me conhece?

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