15 março 2010

BestFriendsForever


Não brincaram de boneca quando eram pequenas. Elas nem se conheciam.

A que mora do lado da minha casa é filha de mãe solteira, criada pela babá que transava no sofá da sala vendo o programa do Gugu todo domingo. A mãe tinha uma profissão suspeita.

A outra é filha de militar, todo mundo soube quando elas começaram a ser amigas. Mais ou menos quando tinham 13 anos e esta começou a freqüentar a vila todos os dias. Agora ela namora com meu primo, de tanto que se envolveu com a vizinhança. Meu primo malha, mas não pensa.

De vez em quando eu ouço os gemidos dela e do meu primo, de tardinha em dias de semana. Eles transam loucamente e ele faz questão de contar com detalhes pra quem mora no fim da rua e não tem o privilégio de ouvir os sons.

A menina que mora do meu lado adora ele, porque ele é bobo e faz sua amiga feliz. Elas vão ao shopping, ao cinema e fazem noitadas juntas. Exceto as noites em que meu primo não se deixa ser enganado tão facilmente. Nessas ocasiões elas ficam na casa de uma ou de outra, conversando com rapazes sem rosto pelo chat da UOL.

Sempre fingem serem meninos homossexuais e ficam apreciando outros gays mostrarem seus pênis na webcam, num ato desesperado por arranjar um pouco de prazer em palavras de sacanagem. Usam sempre a foto do meu primo. Aquela que ele está sem camisa, de sunga, molhado, segurando a mangueira em jato numa mão e o pescoço do seu melhor amigo na outra.

O melhor amigo dele e ele são super grudados. Quase tanto quanto nós éramos antes de crescermos. Quase tanto quanto a menina que mora do lado da minha casa e a filha do militar. As duas jovenzinhas saudáveis que insistem em conhecer e zombar de estranhas bolas na tela do notebook.

Entre um MACHO_ATV e um boladãodavn23cm, elas tomam doses de vodka Absolut com o que tiver na geladeira. De uma ou de outra. Às vezes era Laranja Caseira, outras Pepsi sem gás ou Lemon Light.

Quando o álcool já era sentido de longe e elas ficavam com aquele cheiro na pele suada, uma parecia atrair a outra. Coincidentemente, era quando a garrafa já estava vazia. Elas se beijavam na boca, até tirarem suas roupas. Enquanto isso, meu primo malhava os tríceps.

Quando já tinham tirado suas roupas, beijavam o resto do corpo. Como quem quer tomar o resto de Absolut Vanilla que transpira dos poros bronzeados. Elas iam à praia semana sim e semana não. E nessas ocasiões flertavam com os coroas acompanhados enquanto se besuntavam de óleos bronzeadores de cenoura e de bronze.

Coroas adoram meninas flambando. Elas adoravam ser adoradas. E entre uma adoração e outra, namoravam escondidas. Principalmente quando já tinham bebido o suficiente pra fingirem que não se lembravam. Mas elas lembravam daquele dia, era final do Campeonato Carioca e o meu primo não deixou elas irem pro Leblon comemorar a vitória.

7 comentários:

  1. tow até com inveja do seu talento...

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  2. Tá ficando aprimorado! Sem exageros, diria sutil, fluido ...

    Acho melhor vc mudar de prédio.

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  3. Nossa.
    Adorei rsrsrs...

    Faço o mesmo que suas amigas.

    mas o contrário...

    Deixa pra lá... ¬¬

    abraços

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  4. Gostei mto. Vou procurar ver as situações cotidianas dessa forma.

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  5. Adorei!!!!!

    Você escreve bem, hein???

    Eu sempre venho aqui, vou passar a comentar mais!

    Bjs

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  6. vou ser fútil
    absolut vanilla?
    me desconcentrou total, fiquei com vontade!rs

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  7. que vizinhança colorida!
    vc tb mora em Vitória??

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